quinta-feira, 24 de março de 2011

Banda Maldita

Meados de 2001, quando um jovem pervertido chamado Erich, cansado de fazer filmes de terror caseiros, resolveu que seria muito mais interessante se manifestar através da música. Em um bar, repleto de efêmeros e moribundos, teve seu primeiro encontro e suas primeiras
testemunhas; Seu nome era Tarso e, juntos, resolveram
montar uma banda. Batizaram-na Malachi (personagem do filme de Stephen King - A colheita maldita), com influencias de
Skinny Puppy, nine inch nails, Metallica e de quem pregasse
o Satanismo, ofendendo a todos os tipos de valores morais e
religiosos da nossa sociedade católica; “Quem procura a Deus
facilmente se perde de sí mesmo. Todo o isolar-se é culpa” Pois
assim falavam os cristãos, e eles eramos os isolados.
Fizeram seu primeiro show na Rocinha, no Rio de Janeiro, que
rendeu cinco fraturas ao vocalista, e gravaram sua primeira
demo em 2003. Os shows não apresentavam nenhum tipo
de demonolatria, mas o reflexo das mentes deturpadas e
entorpecidas dos integrantes da banda, que agora contava com
um novo integrante, Magrão, baixista e sobrinho de Erich. Em
dezembro daquele ano, após terminarem a gravação de sua
primeira demo, Vidaut e Léo Osborne, produtores do trabalho,
se interessaram por aquela proposta estranha e resolveram
se juntar à família. Foi como a diabólica trindade; o pai, o filho e o espírito santo, todos indo ladeira abaixo, direto para
o inferno. Nesso ponto a banda é rebatizada; nasce a Maldita; “E a vingança marcará nossa pele, como renegados”. Eles
gravam seu primeiro hit; uma balada sobre necrofilia chamada
“Anatomia”.
Começam a surgir shows todas as semanas, shows de horrores, banhos de sangue e crianças assassinas que precisavam da banda, tanto quanto a banda delas. Um selo chamado Nikita aparece das trevas e eles gravam seu primeiro disco; “Mortos
ao amanhecer”. Assim como os três videos; “O homem com o
rosto cortado”, “Anatomia” e “Estrela de Fogo”. Tarso resolve
abandonar a família e uma criatura muito calma, porém com uma arma muito poderosa plugada a um amplificador entra na
cena. Seu nome? Lereu... o novo guitarrista da banda e o início
de um ciclo interminável.
A Maldita trata exatamente dessas sensações inexplicáveis, do
inconsciente, o inferno. E de quando algo que não faz sentido
passa a fazer sentido, todos os dias, aqui dentro, todo o mal,
que na verdade poderia ser resumido em uma palavra; Humano.
Trata das coisas que as crianças geralmente não vão aprender em casa, dos taboos e do sobrenatural, porém sempre com um
mensagem positiva no final. Quando o assunto é a Morte, falam
em transformação, em aproveitar o momento, numa espécie
de “carpe dien” invertido. Assim como o pentagrama, que não
significa nada mais nada menos do que “mulher”.
Com uma legião interminável de fãs, amantes, monstros, homems e mulheres, a Maldita está concluindo a gravação de
seu segundo disco, “Paraíso Perdido”, que mostra uma face
mais madura da banda, mais unida. Se o hit do primeiro cd
expressava o desejo de Erich de querer matar a namorada
e fazer sexo a noite inteira com seu corpo gélido, o paraíso
perdido seria a trilha sonora de uma tentativa de suicídio, muito lenta, de toda a banda. Unidos em um só corpo e por uma causa maior, Erich, Vidaut, Magrão, Léo Osborne e Lereu são a quinta face de uma mulher que chora sangue e se apaixonou pelo mal.
Ainda é nescessário ter muito caos dentro de sí para dar à luz
uma estrela dançante.

MORTOS AO AMANHECER
Eram apenas demos. Um nome bem apropriado...
O que começou como alguns simples rabiscos de idéias deturpadas e confusão adolescente, acabou se transformando numa estrada de expressão artística e de resposta à muitas perguntas.
As idéias no papel - poesia dilacerante entranhada na
carne, um caderno que se transformaria no primeiro passo da construção Maldita. De seus gritos contidos em pequenas folhas, Erich viu seu universo de formas
caligraficamente tortas ganhar vida e um maior sentido através de harmonias, batidas e vozes.
Nascia, assim, o primeiro bastardo Dele.
PARAÍSO PERDIDO
Praticamente uma saga.
Desde suas primeiras composições - passando pela espera
do novo estúdio, pelas gravações e mixagens com vozes
ainda por fazer e chegando na masterização - o disco se mostrou cada vez mais excitante e prazeroso.
O passo que foi dado, vindo de “Mortos ao Amanhecer”,
em direção ao “Paraíso”, era tão nítido de progresso e tão estimulante em termos criativos, que fez de todos aqueles
que estavam envolvidos no projeto (Cd, Arte, WebDesign,
Assessoria e Produção), uma grande família ansiosa à
espera do novo rebento – o caçula maldito.
Um caminho natural.
Um amadurecimento natural.
Agora não se tratava mais de um disco baseado quase
que única e exclusivamente no universo de Coágula. As “interferências” vinham de todos os lados. Todos os
integrantes em uníssono despejando suas doenças, suas influências e seus desejos no caldeirão das aberrações. Um
verdadeiro encontro de diferentes visões com semelhantes objetivos.
Coágula permanece como relator, assinando o que se lê e
o que se repudia. Transcreve o que absorve, alimenta-se e expele. O grito que conduz a máquina sonora tratada com
detalhismo, seja na força de Vidaut ou na emoção de Léo.
Na incisão “cirúrgico-musical” de Magrão ou no peso de Lereu.“Paraíso Perdido” traz dúvidas, assume e levanta criticas.
A ponte que leva muitos do “nada ao lugar nenhum” está
partida, quebrada. Desmantelou-se.
Que seja decretado o contra-ponto!
 
 
                                                                       Fotos
 








Letras

Anatomia
Eu me fechei na escuridão
Sangrento era o corpo em minhas mãos
Comprei a arma só pra te assustar
Minha intenção não era de te matar
Eu a arrastei até o cemitério
Seus olhos brancos eram cadavéricos
Eu me fechei na escuridão
Eu lavei o sangue seco em minhas mãos
O que eu sinto é algo tão intenso
Eu precisava saber como ela era por dentro
O que eu sinto é algo tão intenso
Eu só queria saber como ela era por dentro

Sinto o remorso quer me sufocar
O cheiro de morte infestava o lugar
Comprei a arma só pra te assustar
Minha intenção nunca foi de te matar
Eu arrastei até o cemiterio
Seus olhos brancos era cadavéricos
Mostrei a puta o que se cava enterra
Joguei ela no chão e abri suas pernas

O que eu sinto é algo tão intenso
Eu precisava saber como ela era por dentro
O que eu sinto é algo tão intenso
Eu só queria saber como ela era por dentro

Eu vou amar você pra sempre
Eu sei, eu sou doente
Eu vou amar você pra sempre
Não precisa responder, eu sei, eu sou doente

Eu sempre achei você demais
O meu problema era com seus pais
Mostrei a puta o que se cava enterra
Joguei ela no chão e abri suas pernas

Sinto remorso quer me sufocar
O cheiro de morte infestava o lugar
Seu nome era necrofilia
Minha percepção de amor é doentia
 

Bastardos Da América
Jogos e vídeo games que nós adoramos
O pró-tools e os programas de computador
Na violência os filmes que alugamos
E na capa das revistas sempre um novo amor
A gordura, o exagero, as loiras e a guerra
Assistimos na TV sem questionar
Essa falsidade maravilhosa e nós sempre querendo compartilhar

Jimmy Hendrix era americano
Jesus Cristo nos filmes eu sei que também foi
Bruce Lee e Darth Vader eram americanos
se até o Pelé é, porra! por que que eu não sou?

(refrão)
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor

Hi, my name is fuck you!

Hamburgueres, fogos, e tanques de guerra
Super produções e filmes de terror
Injetamos na veia o seu lixo tóxico
Consumimos a tecnologia da sua dor

Adolf Hitler, era americano
Kurt Kobain também era, então qualé o problema?
Mickey Mause, ah esse sim americano
Ganji e o Papa também eram

Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor
Nós somos todos bastardos da América
Nós também somos filhos do senhor

Nossa alma não mais será odiada pelo vaticano
Nós somos sul-americanos
Vizinhos desses filhos da puta que fabricam mentiras
E nós como o resto do mundo simplesmente pagamos por elas

Homem Com O Rosto Cortado
Nós fomos chamados para detetizar a casa, mas o solo está amaldiçoado
Meu corpo esta dançando
Minha face esta mudando
eu era um verme, apenas um verme tentei disfarçar mas estava em
Minha pele
Estão crescendo,
está respirando
E as crianças vão cantando e elas pensam o que eu penso
Somos todo o mal aqui dentro

Janelas do mundo externo
Criam nosso próprio inferno
O que parece estar tão longe
esta tão perto

Sou o vingador, mato com amor, conserto a sua dor
Sou o homem com o rosto cortado

Eu vou cortar os pulsos
Eles não aceitam mais os seus insultos
E o meu corpo esta cortado, sangue, sangue está escorrendo
E os demônios e as crianças e os cachorros passam correndo
Antes era o antídoto... É o própio veneno
É o próprio veneno...

Janelas do mundo externo
Criam nosso próprio inferno
O que parece estar tão longe
E está tão perto

Sou o vingador, mato com amor, conserto a sua dor
Sou o homem com o rosto cortado
O homem com o rosto cortado.

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