se referir a várias religiões não Judaico-cristãs, no entanto, existem várias definições entre diferentes religiões entre o que pode realmente ser definido como sendo paganismo, sem consenso quanto ao que é correto. Um grupo mantém o paganismo como um termo que inclui todas as religiões não-abraâmicas. Outros sustentam que o catolicismo romano tem suas raízes no paganismo, enquanto outros sustentam que o paganismo deve referir-se exclusivamente às religiões politeístas, incluindo a maioria das religiões orientais, as religiões e mitologias do povos nativos americanos, assim como as não-abraâmicas religiões folk em geral. Outras definições mais estreitas não incluem nenhuma das religiões mundiais e restringem o termo às correntes locais ou rurais não organizadas em religiões civis. Característico de tradições Pagãs é a ausência de proselitismo e a presença de uma mitologia de vida que explica a prática religiosa.
O termo "pagão" é uma adaptação cristã do "gentio" do judaísmo, e como tal tem um viés abraâmico inerente, com todas as conotações pejorativas entre monoteístas ocidentais, comparáveis aos pagãos e infiéis também conhecidos como kafir (????) e mushrik no Islã. Por esta razão, etnólogos evitam o termo "paganismo", por seus significados incertos e variados, referindo-se à fé tradicional ou histórica, preferindo categorias mais precisos, tais como o politeísmo, xamanismo, panteísmo ou o animismo.
Desde o século XX, os termos "pagão" ou "paganismo" tornaram-se amplamente utilizados como uma auto-designação por adeptos do neopaganismo. Como tal, vários estudiosos modernos têm começado a aplicar o termo de três grupos distintos de crenças: Politeísmo Histórico (como a Mitologia celta e o Paganismo nórdico), Folk/étnica/religiões indígenas (como a Religião tradicional chinesa e as Religiões tradicionais africanas) e o Neo-paganismo (como a Wicca e o Neopaganismo germânico).
Etimologia
O primeiro registro histórico da palavra data do século IV a. C. e deve-se aos judeus que distinguiam entre judeus e não-judeus, ou os que não cultuavam Yahweh, viviam sem a Torá e conduziam uma vida desregrada. O termo teve origem na necessidade de os judeus construirem uma identidade e uma nação que excluisse todos os que não respeitavam a Lei . Patriarcado é uma palavra herdada da cultura judaica e derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz .
Nos estudos académicos acerca do Paganismo, têm sido discriminados alguns conceitos de referência:
Paleopaganismo
Incluem-se neste conceito as religiões do antigo Egipto, do mundo greco-romano da Antiguidade Clássica, a antiga religião dos celtas (Druidismo), a religião Norse ou mitologia nórdica, Mitraísmo, bem como as religiões das populações Nativo-americanos, como a religião Asteca, etc.
Cultura
Na Europa há um tronco da religiosidade pagã, com as suas ramificações germânicas e célticas, que se mostra linear quanto a algumas características:
A sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nomadas de caçadores-colectores, a principal característica é uma forte ligação à terra, à Natureza, tida como sagrada e viva.
A sua origem matriarca, há um sentimento de corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade, ligados por laços de parentesco a uma ancestral comum.
Esse sentimento de ancestralidade é partilhado também com a Natureza e particularmente com os seres vivos, levando a um fundamental respeito a todas as formas de vida e existência.
Por isso, a cultura Pagã tem uma relação mágica com a Natureza.
Noção cíclica do tempo, a partir da ciclicidade dos fenómenos naturais (estações do ano, lunação, movimentos do sol, etc), em contraste à noção linear das culturas de matriz abraâmica.
O consequente sentimento de profunda responsabilidade e parceria com a Natureza, tornando os humanos corresponsáveis pela continuidade do círculo.
O que, por outro lado, também leva a um profundo respeito pelos antepassados, que sacrificaram suas vidas para que a comunidade continue a existir.
Desenvolvimento de uma medicina natural, baseada nas qualidades curativas das ervas, e xamânica, baseada no poder fértil da Natureza e na relação mágica com a realidade.
Havendo uma enorme diversidade entre as muitas religiões pagãs no mundo, estas características ilustram apenas as mais significativas ramificações europeias.
Religiosidade
Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma e concretude à espiritualidade pagã. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:
Procissão Perchten em Klagenfurt, Áustria, que é um resquício de uma prática realizada pelos pagãos históricos da área. Muitos elementos da cultura e do folclore europeu moderno são originários entre crenças e práticas pagãs.
Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, a divindade se encontra na própria Natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através dos seus fenómenos.
A ausência da noção de pecado, inferno e mal absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e directa, a ideia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de inferno.
A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas. Templos Pagãos são um desenvolvimento muito posterior.
A imanência dos deuses e a ideologia da ancestralidade divina, confere à divindade características antropomórficas e as relações tendem a ser estreitadas ao longo da vivência religiosa.
O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um carácter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
Essas relações pessoais humanos/deuses, leva à ausência de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica.
A sacralidade da Natureza torna todas as religiões pagãs em religiões de comunhão, ou seja, que não visam dominar a Natureza, mas harmonizar-se com ela. Por isso, também são religiões intuitivas e emocionais. Em geral, os pagãos valorizam mais a vivência da religiosidade em detrimento das infindáveis discussões metafísicas.
O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade do egrégor ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primitivo da sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a ideia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal Pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa ideia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a Deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.
Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como diferenças entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.
Neopaganismo
Uma cerimônia no festival anual de Prometheia do grupo politeísta grego "Conselho Supremo de Ethnikoi Hellenes", em junho de 2006.
Ver artigo principal: Neopaganismo
O Neopaganismo inclui religiões reconstruídas como o reconstrucionismo do Politeísmo Helênico, Celta ou Germânico, bem como modernas tradições ecléticas como Discordianismo, ou Wicca e suas muitas correntes.
Muitas dessas "reconstruções", como o Wicca e Neo-druidismo em particular, têm suas raízes no Romantismo do século XIX e reter os elementos visíveis do ocultismo ou teosofia que estavam em curso, então, que os distingue religião e folclore histórico rural (paganus).
O que é PAGANISMO?
Ao contrário do que se pensa, Paganismo nada tem a ver com o culto ao demônio - até porque o demônio não passa de uma invenção das tradições judaico-cristãs. A palavra "PAGÃO" vem do latim "paganus", que é aquele que mora no "pagus", no campo, na Natureza. Assim, pode-se dizer que, em termos religiosos, o Paganismo é o culto e o respeito às forças da Natureza. Para o Pagão, toda a Natureza é viva, é Sagrada - e seus deuses e deusas refletem essa crença, oferecendo conforto e equilíbrio àqueles que compreendem o real significado de se respeitar a Natureza.
Muitos equívocos são propagados quanto ao real sentido da palavra "paganismo", por dicionários, enciclopédias e até mesmo por seus seguidores. Em alguns casos, o termo pagão é empregue como sinônimo de não-cristão - o que é um grande erro, pois assim se incluiriam religiões como o Judaísmo, o Islã e outras, as quais não possuem componentes distintamente "pagãos" no sentido real da palavra - ou seja, de respeito à Natureza. Em outros verbetes, um "pagão" é aquele que ainda não foi batizado no cristianismo. Em outros mais, os termos "paganismo" e "ateísmo" são confundidos, pois ateu é aquele que não crê em nada, não possui religião - bem diferente da noção de paganismo enquanto caminho religioso.
Mas quem são os pagãos? Originalmente, esse termo era empregue para diferenciar os seguidores das religiões da Terra, dos muitos deuses e deusas da Natureza. É este o sentido que adotamos quando utilizamos o termo "paganismo". Assim, costumamos nos referir às culturas pré-cristãs da Europa e das Américas (apenas como exemplos clássicos) como "culturas pagãs". Poucas pessoas hoje em dia ainda mantêm um contato direto com as tradições originais do Paganismo, daí a necessidade de se diferenciar o Paganismo original - surgido na Antigüidade - do novo paganismo, representado por diversas correntes recentes. Para que tal diferenciação seja bem clara e cristalina, muitos autores e pesquisadores optam por utilizar o termo neo-pagão, ou seja, os novos pagãos - aqueles que seguem tradições filosófico-espirituais inspiradas nos ensinamentos e valores das Antigas Religiões. Dentre estas correntes neo-pagãs, sem dúvida duas ganham destaque: a wicca e o neo-druidismo.
Bênçãos do céu, da terra e do mar!
A jornada se inicia na busca interior dos segredos adormecidos dentro de nós. A mente é o começo, nossas atitudes o resultado final e a percepção, que vai além da lenda e do mito, elementos fundamentais para nossa evolução espiritual... Nosso objetivo é resgatar a espiritualidade dos druidas - o druidismo, através do estudo da história antiga e da cultura dos povos celtas.
Avalon, conhecida como a ilha das maçãs, a ilha mística que separa o mundo profano do mundo divino. Uma analogia aos arquétipos dos mitos arturianos que facilitam o nosso caminhar rumo aos Deuses, juntamente com o ciclo da natureza que percorre as estações do ano, concluindo assim, sua trajetória de renovação.
Apesar das controvérsias entre fato e ficção, rudes guerreiros da tradição celta são transformados em nobres cavaleiros e as heróicas buscas de testemunhos druídicos tornam-se aliados ao poder do mito e da lenda na busca da verdade, da honra, da justiça, da lealdade, do bem e do belo, ajudando-nos a divulgar o paganismo celta com seriedade, equilíbrio e bom-senso.
Miticamente, a colina do Tor, em Glastonbury, representa a entrada do Outro Mundo, Annwn ou Portal de Summerland, Terra do Eterno Verão, da magia e do awen sagrado, a inspiração divina. Misteriosa ilha, cantada em verso e prosa por trovadores medievais, inspirados na beleza dos antigos costumes celtas.
Através da Arte Antiga, que o poder dos bosques da ilha sagrada renove as energias e reavive a esperança, outrora perdida em nossos corações. Não como uma lenda morta, mas como um ideal vivo e realizável. Pois a magia está na sabedoria de cultivarmos apenas aquilo que queremos de volta para nós.
Peço então, que as brumas dêem passagem aos conhecimentos e ao saber dos Antigos, o real caminho da verdade, do bem e do belo. Este espaço é dedicado a todos aqueles que buscam viver de maneira plena e em concordância aos princípios maior da grande natureza, abençoados pela terra, o céu e o mar... Que assim seja!
Poesias Pagãs
Templo de Avalon
Invoco toda a magia de Avalon,
Templo e morada dos Deuses celtas
Linha tênue que separa esse breve momento
Pela Deusa as criaturas se fazem presentes
Buscam o equilíbrio e resgatam a sagrada unidade
Que vai muito além do éter dessa névoa de prata
Gnomidas revolvem a terra para as boas novas
Silfos espalham gotículas e renovam o ar de alegria
Salamandras expurgam os tolos do caminho
E as ninfas revelam segredos do transe ascendente
Muitos falam, alguns percebem e poucos entendem
As palavras soltas ao vento, adentram os corações
Despertam emoções adormecidas, jamais esquecidas
Logo a semente estará em seu ventre
Germinando uma era de esperanças renovadas
Apenas por uma questão de tempo desse universo
Paralelo sagrado, programado nas ondas quânticas
Através da figura singela de uma Deusa criança
Corre tempo, busque terra, voe folha
Queime nas fogueiras sagradas e renasça
Através das águas cristalinas da fonte sagrada
Avalon, a terra dos campos verdes e do céu azul...
Estás além das brumas do tempo e da ilusão!
Sombras da Lua
Boca vermelha,
Sedenta de beijos ardentes
De uma longa era
Além da alma sombria
Tormento vivido
Na loucura dessa noite fria
Branco pálido da morte,
Grita alto pelas sombras da Lua
E rompe no peito a fúria guardada
Pelos séculos perdidos
Deste breve momento.
Álbum de Retratos
É fácil mentir sobre si mesmo
Então... De que servirão simples palavras?
Por acaso se eu me denominar flor
Assim o seria pra você?
Ou se te mostrar um espelho,
Seria eu, atrás do aço, o seu reflexo?
Se cheirar, ter cor e gosto de mel
Serei eu doce pra você?
Ou melhor, se mesmo assim eu te disser
Que sou ácida...
No que acreditaria?
Ou, inversamente, ter cor, cheiro e consistência de veneno
Mas me denominar remédio...
Curaria você?
Posso ter facas sob a maciez da pele
Posso ter nuvens atrás dos muros...
Como você saberá se ficar me olhando de longe?
Ou melhor, como saberá se eu te disser?
Nada podem as palavras contra a verdade dos fatos...
TITHÂNIA
Sempre serei aquele que é sustentado
Por seu poder de liberdade, és ar,
Eu sou fogo que queima
Sou a chama que não deve ser apagada,
E mesmo no mais rigoroso inverno
Lutarei para resistir a investida da nevasca
Somente para manter o calor da vida em teu ser
Mas como diz a palavra trazida por Aisling,
A Deusa Celta da Esperança e das Fadas
Navegarei de volta ao meu ponto de origem
Eis que um guardião não morre, apenas adormece
Sou aquele que com humildade e amor
Caminha sobre a humanidade moderna
Sou filho do grande Deus bom Dagdha
Escolhido pela esmeralda verde, Dannu,
Minha Mãe e Senhora do portal Verde
Afilhado de Gwyn Ap Nudd e Ainennh
Sou aquele que guarda as portas
De Glastonbury, Annwn,
Ou das ilhas mágicas flutuantes
Sou remanescente de um tempo que não existe
Tal qual os homens atuais imaginam
Sou aquele que está no orvalho
Na grama verde com seus pequeninos
Habitantes tais quais faíscas verdes de esperança
Nasci e fui consagrado diante do grande espírito
Do carvalho, consagrado um dragão verde
Um druida, um bardo mais que isso
Sou um filho dos sonhos que continua e
Continuará lutando pela honra, justiça
E real igualdade entre homens e mulheres
Pois o sagrado do Deus e da Deusa
Devem estar unidos na Sagrada Sincronia
Eis que dois mundos se tocaram, e sempre vão se tocar
E onde houver um circulo, um esbhá ou um sabatt
Ou mesmo um distante clamor a Deusa e ao Deus,
Preenchido dos valores do código,
Eu, Norhuyas Abramesth Smaragdus,
Aquele que tem mil formas como o Deus,
Aquele que vai a todos os lugares e está com todos
Serei o elemento a zelar
No éter, no ar, no fogo, na água e na terra
Pois Eu Sou Guardião dos sonhos, príncipe desse lugar
Onde o coração de criança acessa com tanta facilidade,
Quando sentir que os sonhos estão sendo sufocados
Pela dura realidade, não esmoreça, pegue seu athame,
Sua varinha encantada, pelos elementais,
Abra o circulo e grite bem alto
Eu nunca deixarei de sonhar.
Filhos das Estrelas
Salve Filhos das Estrelas Brilhantes,
Vindos nas asas de Erin, pelas bênçãos de Dannan!
Mestres da magia, ouçam o nosso chamado,
Mostre-nos a pedra do destino, a Lia Fáil
Pela espada de Nuada, seja a justiça equilibrada
Nas verdades da Deusa e do Deus.
E que a lança de Lugh, o Brilhante,
Nos dê a vitória sobre o orgulho desmedido.
Que o caldeirão da transformação do Grande Dagda,
Possa nos renovar todos os dias,
Abençoando-nos com sua fartura e bem-aventurança.
Pela triqueta sagrada, se apresentem hábeis filhos,
Os Tuatha Dé Danann, pelo código de honra ao teu povo!
Tanto nos montes e nas florestas abaixo da terra,
Assim como, toda a terra acima de toda a terra.
Se façam presentes em nós, para que vossa sabedoria,
Possa nos levar adiante no propósito maior,
No principio da tua mais perfeita criação,
Em benefício de toda a humanidade.
Que a luz brilhe na escuridão e o amor guie os corações,
Na esperança do amanhecer, a eterna promessa.
Dos Filhos das Estrelas Brilhantes!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Quem eu gosto
Quem eu gosto
Gosta de mim
Quem eu gosto
Não me acha perfeita
Quem eu gosto me aceita
Louca, livre
Mau humorada, irritada
Quem eu gosto
Gosta de mim
Quem eu gosto
Me conhece
E mesmo que não me conheça
Gosta de mim
Quem eu gosto
Sabe da minha alegria,
Beleza, harmonia
Conhece o sabor das minhas lágrimas
Sabe da força dentro de mim
Quem eu gosto
Gosta de mim
Porque antes de me ver
Viu a minha alma
Quem eu gosto
Gosta de mim.
Três Rosas Vermelhas - O Registro Poético de uma Bruxa®,
Lydia Gomes de Arddhu e Brigit
PEREGRINA
Sou uma peregrina da vida
Onde ela pode me levar eu não sei
Mas sei que ela me quer e eu a quero
Transformo minhas mudanças em presentes para mim mesma
Trabalho o que pra mim é vital em cada momento
Sou uma peregrina da alma
Com ela comungo com os quatro elementos
Me sintonizo com suas forças
Pra me fazer inteira
Mergulho em suas energias
Pra me sentir completa
Sou uma peregrina da Arte
Que com seus mistérios tudo transforma
Que se funde em mim de várias maneiras
Que me faz transpirá-la por meu corpo inteiro
Sou uma peregrina
Sou uma peregrina
Sou uma peregrina
Livre
Selvagem
Natural
Sempre peregrina...
De mim mesma.
Anna Leão. Todos os direitos reservados.
Esperança do Amanhecer
Filha dos sonhos,
Corra abra a porta
Do velho carvalho.
Escute os seus segredos.
O poente se aproxima.
A vida se encaminha.
A felicidade está viva.
Dance até cair à última folha.
Pegue o galho dourado
E atravesse o portal.
Corra, o tempo voa,
Os Deuses estão aqui.
Pegue o galho prateado
E atravesse o portal.
A luz brilha sobre vocês.
Não desista, a barca lhe espera.
As sementes novamente germinam
E os séculos despertaram o Rei.
Corra e abrace o seu sonho.
Toque o seu coração.
A tua mão o alcança.
Traga-o de volta.
Filhos da Arte e do amor.
A Senhora não mente
E aqui se faz presente.
Acredite na força dessa magia.
Abençoados sejam!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Ser Pagão
Ser pagão é buscar constantemente harmonizar-se com a infinita sabedoria da natureza, onde se aprende diariamente através da linguagem da Terra e da Lua, das folhas das árvores, da beleza do canto dos pássaros, do cheiro das ervas e das flores, a conhecer o valor do respeito, do amor e do equilíbrio.
Paganismo, seria o nome dado para as pessoas que seguem as religiões politeísta, panteísta e animista, que respeitam a natureza e cultuam Deuses e Deusas, como por exemplo: Druidismo, Xamanismo e Reconstrucionismo Celta.
Mas, que fique bem claro, que pagão não é ateu e muito menos cultua o "diabo", que álias, é uma figura existente apenas no meio cristão, criada para dominar as pessoas através do medo e da culpa!
Pagãos acreditam e prestam culto às divindades pagãs centradas na verdade, no bem e no belo, aos espíritos da natureza e aos seus ancestrais. Apesar das diversas definições sobre o paganismo, é importante ressaltar que todo pagão é politeísta e respeita todas as formas de vida, assim como a própria natureza, que lhes é sagrada, tirando partido dela sem que assim venha destruí-la.
Atualmente, aqueles que seguem o paganismo celta, buscam aprimorar-se além das práticas diárias e sazonais, estudam a história, a arqueologia, os mitos, as lendas e o resgate das línguas celtas, principalmente o gaélico.
A celebração dos festivais solares automaticamente religa o homem aos ciclos naturais da Terra e às mudanças das estações. Cada ciclo reflete diretamente toda sua influência sobre nós e a partir deste princípio, passamos a vivenciar e a compreender melhor essas mudanças, além de todos os ciclos lunares.
Podemos encontrar uma grande variedade de tradições dentro do paganismo, mas esta variedade de experiências espirituais são apenas ramos diferentes da mesma árvore e, como tal, deve ser respeitada como a representação máxima da unidade divina. Nossos maiores mestres são a própria natureza e os Deuses.
Enfim, fuja daqueles que possuem caldeirões lotados de ego negativo. Isso não quer dizer que ser pagão é ser "perfeito". A perfeição é um dos objetivos do nosso caminho e, de modo geral, de todas as pessoas. O "bem" e o "mal" são relativos, pois o verdadeiro pagão busca o equilíbrio entre a luz e a sombra, com responsabilidade e bom senso. Essa é a real iniciação da alma e do coração. Que assim seja!
O Caminho do Equilíbrio
O equilíbrio é algo que se deve buscar tanto no âmbito pessoal quanto através de uma visão universal. O povo pagão busca equilíbrio dentro de seus corações, na natureza e no Universo, porque perder o equilíbrio dentro de seu próprio ser é o mesmo que perder o equilíbrio com a ordem natural e com as Divindades. O equilíbrio é uma compreensão dos mundos da natureza e da humanidade com o Todo.
Conhecer o amor é o mesmo que ser capaz de ver a luz comum que corre por toda a vida, e verdadeiramente tocar as divindades. O amor é o que nos faz reconhecer aquele aspecto dentro de cada espírito humano que pertence ao reino divino e assim, apreciar sua virtude. É a forma que temos de contemplar as qualidades dos Deuses dentro de nós, às vezes como um caminho que nos faz admirar nossos irmãos.
Se você não o encontrar dentro de si, não será capaz de encontrá-lo do lado de fora, porque essa é a natureza de toda a forma de amor. A confiança não é apenas o fundamento do amor, mas é um código de vida. Se não existe confiança, o amor e a verdade serão sempre ilusórios, porque a confiança é a base forte sobre a qual suas casas são erguidas.
As palavras de sabedoria a seguir, que foram herdadas de algumas tradições, poderão servir como um guia que se refere ao objetivo, benefícios e aos tipos de confiança.
"Escolha com cuidado em quem sua confiança será depositada, mas se ele for digno dela, a dê sem restrições."
"Se você não pode confiar naquele que será seu mestre, não permita que seu aprendizado dependa dele e busque seus conhecimentos em outro lugar."
"Há certas coisas que devem ser aceitas com confiança, até que o tempo seja capaz de clarear o caminho para sua compreensão."
"Não se deixe iludir! Se você não acredita no que vê, descarte a possibilidade."
Verdades e Curiosidades
"A partir do século IV, o cristianismo se tornou a religião oficial em Roma. Apesar disto, muitos continuaram fiéis ao seus Deuses e Deusas. Os habitantes do campo eram chamados "paganus" e por não terem aderido ao cristianismo passaram a serem perseguidos e forçados a conversão.
A partir desta época todo aquele que não fosse cristão era considerado "pagão". A transição da Antiga Religião Pagã para a Religião Cristã, aconteceu durante um longo período. Nenhum pagão tornou-se cristão do dia para a noite. Os aristocratas foram menos resistentes, porque percebiam o poder da nova crença, mas os habitantes dos campos (paganus), recusaram-se a aceitar a nova fé.
Os sacerdotes do cristianismo passaram a adaptar as festas pagãs. Alguns templos pagãos, pouco a pouco, foram usados pela Igreja. A Igreja Cristã foi se tornando uma poderosa instituição. O que ela não podia destruir da Antiga Religião ela adaptava, transformando crenças pagãs em cristãs.
Foi assim, por exemplo, o que a Igreja fez com o Natal. Nesta época os Romanos festejavam Saturno. Com o tempo, os camponeses começaram a aceitar a doutrina que falava de Jesus, um homem que havia se pendurado numa cruz em favor de seus fiéis, lembrando Deus Odin que havia se pendurado uma árvore para adquirir a sabedoria das Runas Sagradas.
Com o tempo passaram a associar Maria, mãe de Jesus à Mãe Terra. Durante um período, houve uma fé dupla: acreditavam no novo Deus cristão, mas não abandonavam suas crenças. Sabe-se que muitas orações cristãs foram criadas, baseadas em encantamentos pagãos...
A influência do cristianismo faz-se sentir nas inscrições em que se nota uma clara mistura das duas crenças quando lemos em uma mesma pedra a invocação de proteção ao Deus Thor e ao mesmo tempo, ao Deus cristão.
Na verdade, a Igreja Cristã nunca conseguiu extinguir, de fato, as crenças classificadas por ela como pagãs.
No final do século XIV, começou a temporada da perseguição aos pagãos, às bruxas e a tudo que era contrário às crenças cristãs. Infelizmente, durante quase 400 anos, muitas pessoas morreram acusadas de prática da bruxaria."
Esse tempo é passado e de agora em diante vale ressaltar o princípio da liberdade religiosa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 18, que diz o seguinte:
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos."
Garatindo acima de tudo o respeito mútuo e a nossa liberdade de expressão religiosa!
As Luas do Hemisfério Sul
Adaptamos o calendário lunar ao nosso hemisfério, pois o aspecto da Lua no Hemisfério Sul é invertido em relação ao Hemisfério Norte. Contando 28 dias por lunação, período médio em que a Lua dá a volta ao redor da Terra e em torno do seu próprio eixo, pode-se dizer que existem de doze a treze luas cheias em um ano.
Os rituais e as meditações durante a Lua Cheia, ajudam-nos a aumentar nossa consciência e a aguçar a percepção de nossas almas e assim reequilibrarmos toda a nossa energia. Conforme muitas tradições pagãs, as Celebrações Lunares de Lua Cheia, celebradas durante todo o ano lunar, são:
- Lua do Sangue: Nasce em Abril, é a primeira Lua cheia antes de Samhain. Ela é associada à cor vermelha e nos tempos antigos marcava o período de abate dos animais e o armazenamento de comida para a estação do inverno que está por vir. Como a primeira geada não está muito longe, plantas logo desaparecem da terra, e a carne toma-se a maior fonte de alimento durante o inverno. É a Lua que celebra a ancestralidade, a fecundidade e a maternidade.
- Lua da Neve ou Escura: É a Lua de Maio. Está associada à cor prata, branca e o azul-claro. Nesse período, se os primeiros sinais de geada ainda não começaram a cair, eles não estão muito distante. A terra começa um tempo de descanso profundo sob os cobertores do inverno, juntando forças para a nova vida no despertar da primavera. Lua ideal para conectar-se com as forças divinas.
- Lua do Carvalho: Chega em Junho. É considerada uma Lua Negra, associada ao aspecto do Senhor do Carvalho. O carvalho, como seu símbolo, é a madeira tradicionalmente queimada nas fogueiras do Solstício de Inverno, que correspondente a época natalina cristã. É a Lua do recomeço, da transmutação e do renascimento.
- Lua do Gelo ou do Lobo: Vem em Julho. Sua cor é roxa, representa as águas frias da terra que ficam presas sob um lençol de gelo e a terra sob a geada. Época ideal para realizar trabalhos em grupo e esforços conjuntos, pois favorece a união e a unidade.
- Lua da Tempestade: Agosto descreve o longo movimento de espera das águas geladas. Conforme as chuvas caem e os oceanos se enfurecem, este é um sinal certo de que as águas irão mais uma vez fluir e a primavera irá retornar. Essa Lua é associada a cor azul, a cor das águas sagradas dedicada à Deusa Brighid. É a Lua que visa o equilíbrio entre a luz e as sombras.
- Lua Casta ou dos Ventos: Setembro é a volta da primavera com a vida renovada. Representa a forma virginal, limpa e intocada dos campos. Apropriadamente, sua cor é o branco. É a Lua que celebra a Deusa Tríplice.
- Lua da Semente: Outubro anuncia o crescimento que irá colorir a terra, conforme as estações avançam. As sementes que estão em repouso abaixo do solo começam a germinar, ao mesmo tempo em que toda a vida desperta para a terra aquecida. Sua cor é o verde-claro. Época ideal para plantar as novas sementes do futuro.
- Lua da Lebre ou da Flor: Nasce em Novembro. Lua dedicada as Deusas da fertilidade. Rosa, a cor do amor e o branco, são as cores da Lua da Lebre. Conforme a primavera atinge seu ápice, o romance e o amor ficam mais evidentes. Essa é a Lua do despertar da consciência e da sexualidade.
- Lua da Díade ou Brilhante: Dezembro é o período do Solstício de Verão. É a Lua dos Amantes, que reflete a presença visível dos Deuses, estampados no sol brilhante e nos campos verdejantes. Essa Lua é considerada da cor laranja, ou seja, a cor do sol de verão. A Lua da união, do amor e da prosperidade.
- Lua das Campinas ou da Bênção: Nasce em Janeiro. Ela é a última Lua antes da primeira colheita, é celebrada com danças e músicas. Este é o tempo em que os antigos pagãos preparavam os prados para as celebrações das colheitas. A Lua das Campinas é amarela, a cor do hidromel. Lua da fertilidade, dos sonhos e das bênçãos.
- Lua das Ervas ou da Colheita: É a Lua verde-escura de Fevereiro. O estado verde da terra, é o nome dado à Lua que surge ao mesmo tempo quando as plantas estão para ser colhidas. Tempo de honrar os frutos, pois o período do fim da colheita chegará com o primeiro movimento da foice nos pés das plantações. É a Lua da purificação, da cura e do agradecimento.
- Lua da Cevada: Surge antes do Equinócio de Outono, em Março. Os grãos são ceifados. É o fim da estação e o fim do ciclo anual. O marrom, a cor dos grãos, é a cor da Lua da Cevada. É a Lua da sabedoria, do conhecimento, das decisões e do fechamento de bons negócios.
- Lua do Vinho: É a Lua excedente do ano ou a 13ª Lua. Com a mudança do calendário lunar para o calendário solar, houve uma sobreposição de alguns meses. Às vezes existem doze Luas durante o ano solar e às vezes treze. Quando essa Lua "extra" surge geralmente nasce em abril ou maio, normalmente antes da Lua de Sangue. Essa Lua é em honra ao vinho. Sua cor é o vermelho púrpura, a cor do vinho e da vida. É a Lua da profecia e da criatividade.
Roda do Ano Druídica
Celebramos a Roda do Hemisfério Sul, que é representada por oitos festivais druídicos e tem como objetivo principal honrar os Deuses, os espíritos da natureza e os nossos antepassados, além de nos sintonizar com as mudanças das estações, durante o ano.
A Roda do Ano Druídica é composta por quatro Festivais Agrícolas e quatro Festivais Solares, considerados como dias sagrados. Além disso, o Ano Celta era dividido em duas metades: uma clara e a outra escura, associadas ao verão e ao inverno, classificadas no paganismo celta, como:
- Festivais Agrícolas: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.
- Festivais Solares: Solstício de Inverno, Equinócio de Primavera, Solstício de Verão e Equinócio de Outono.
Em nossos estudos observamos que a Dra. Miranda Green considera como autênticos apenas os quatro Festivas Agrícolas, mas, J.A. MacCulloch nos diz, no livro “A Religião dos Antigos Celtas”, que os Festivais Solares, solstícios e equinócios, eram um método de medição do tempo utilizado pelos povos celtas.
Existem outros indícios históricos que os celtas observavam os eventos sazonais, como por exemplo, o solstício de verão que era celebrado em certas regiões da Irlanda e da Gália, geralmente voltados aos Deuses: Áine, Epona e Manannán.
As celebrações solares possuem simbolismos mitológicos, que harmonizam e unificam nossa energia com as estações do ano, fazendo uma analogia ao caminho percorrido pelo Sol e aprofundando nossa percepção sobre os ciclos de morte e renascimento.
Samhain representa o começo da metade escura do ano, em contrapartida a Beltane, que representa o começo da metade clara, entre eles há os portais dos solstícios e dos equinócios. Os festivias, que celebramos atualmente, são:
Festival de Samhain:
Festival Agrícola
O Ano Novo Celta
30 de Abril
Solstício de Inverno:
Festival Solar
Mean Geimreadh - Alban Arthan
21 de Junho
Festival de Imbolc:
Festival Agrícola
A Noite de Brighid
1° de Agosto
Equinócio de Primavera:
Festival Solar
Mean Earrach - Alban Eilir
21 de Setembro
Festival de Beltane:
Festival Agrícola
Os Fogos de Bel
31 de Outubro
Solstício de Verão:
Festival Solar
Mean Samraidh - Alban Hefin
21 de Dezembro
Festival de Lughnasadh:
Festival Agrícola
A Festa da Colheita
1° de Fevereiro
Equinócio de Outono:
Festival Solar
Mean Foghmar - Alban Elfed
21 de Março
Aqueles que preferirem seguir a Roda do Hemisfério Norte poderão celebrar os festivais celtas em suas datas originais, além de notar, com mais precisão, a correspondência pagã com as festividades cristãs do calendário gregoriano, por exemplo, o Solstício de Inverno e o Natal, o Equinócio de Primavera e a Páscoa, e assim por diante.
Simbolicamente, seguindo as mansões da Lua na dança cósmica da Roda e realinhando nosso eixo energético aos ciclos do Ano, poderemos perceber nitidamente as mudanças da natureza dentro nós.
A Roda gira sem parar nas suas infinitas jornadas, completando assim o ciclo natural da sagrada espiral. Na linha do tempo não existem tradições e nem contradições, existe apenas a tradição ancestral, dentro do princípio maior da criação.
Vivencie seus rituais e celebre todas as fases da vida... Que a generosidade da Natureza, as bênçãos dos Deuses e o Caminho dos Sábios, os inspire!
Reconstrucionismo Celta
O Reconstrucionismo Celta (RC) ou Paganismo Reconstructionista Celta (PRC) é um movimento politeísta, animista, religioso e cultural, que surgiu como uma tradição independente, a partir dos anos 90.
Reconstrucionistas Celtas buscam, através das suas práticas, reconstruir e reviver, em um contexto cultural, lingüístico e religioso, as culturas celtas pré-cristãs nos dias de hoje, inspirados em pesquisas sérias, sobre: mitologia céltica, arte, história, arqueologia e idiomas originais, ainda existentes.
O caminho do Reconstrucionismo Celta está sempre em constante crescimento e evolução, assim como todos nós!
Ao compartilhamos alguns dos princípios desse movimento e para melhor compreensão, dentro da nossa caminhada espiritual junto ao Druidismo, descreveremos, a seguir, como ele é vivenciado atualmente.
"Todas as coisas são conectadas por um laço de poesia" - Leis Brehon. Que assim seja!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Principais Crenças
Acreditamos que existam vários Deuses e que ele são entidades separadas e independentes merecedoras de culto. Acreditamos, também, que os ancestrais e espíritos da terra/natureza também são entidades individuais merecedoras de reconhecimento e reverência. Essas entidades existem num grupo coeso e não isolado dividido por categorias.
A maioria dos Reconstrucionistas celtas acreditam que as deidades e espíritos agem nesse mundo e em suas vidas pessoais, influenciandos-os e respondendo as preces e as oferendas. Alguns acreditam que não apenas os animais e árvores tem almas, mas, montanhas, rios, poços sagrados e outros fenômenos naturais, também.
Alguns acreditam que objetos criados podem ser imbuídos de espírito. Indivíduos e grupos freqüentemente seguem uma ou mais deidades que eles considerem especial ou tutelar, ou particularmente ligados a sua região ou foco de atividades. Muitos indivíduos se dedicam a uma ou mais deidades patrono/matrona.
As deidades celtas são o principal foco de nosso culto. Quando um reconstrucionista celta trabalha com deidades de outras culturas, ele o faz separadamente e de forma considerada culturalmente propícia aquelas deidades. Praticantes de reconstrucionismo celta raramente misturam ou escolhem espíritos ou divindades de diferentes culturas - até mesmo de diferentes culturas celtas - em um mesmo ritual. Se isso acontecer, será sempre com respeito a cada cultura e deidade envolvidas.
Todas as deidades são respeitadas, mas nem todas são cultuadas. Certos na crença de que cada deidade tem desejos e personalidades individuais, reconstrucionistas celtas preocupam-se em invocar e trabalhar com deidades que tenham afinidade umas com as outras, segundo o conhecimento.
Muitos reconstrucionistas celtas vêem o Cosmos na maneira dos Três Reinos: Terra, Mar e Céu. Outros consideram como: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior, em seu entendimento de cosmologia. Ainda há outros que considerem uma idéia de Outro Mundo ou Outros Mundos coexistentes como o nosso.
Todos esses Outros Mundos são considerados reais e acessíveis àqueles que possuem habilidades especiais. Em todas essas abordagens, o fogo exerce um papel diferente da visão neo-pagã. O fogo, particularmente, o fogo que vem da água, pode ser visto como símbolo do Imbas ou Awen - a divina inspiração. Alguns vêem isso como o pivô central sobre o qual o Cosmos gira - equivalente espiritual a árvore do mundo.
A árvore da vida é entendida como o centro do Cosmos, sob a qual os vários mundos são suspensos ou da qual eles crescem. Essa árvore pode ser fisicamente representada tanto como uma árvore real, como por uma coluna, que pode ser a coluna central ou o pilar de sustentação de uma área de ritual ou de uma casa, a Bilé sagrada.
Deuses e espíritos são reconhecidos como semelhantes a nós, possuindo desejos e vontades, onde não são, necessariamente, bondosos e amorosos o tempo todo.
Os elementos são discutidos ou usados em nossos rituais (e nem todos os reconstrucionistas celtas o fazem), o número varia de sete a onze, baseados no conceito de diferentes aspectos do mundo físico, como: chuva, sol, nuvens, plantas, pedras, solo, mar, vento e outros.
Nos ramo irlandês e escocês, do Reconstrucionismo Celta, o corpo é visto como contingente de uma estrutura energética interna em forma de 3 caldeirões, de onde provem e se processam a energia de inspiração vinda das deidades. O estado dos caldeirões em um corpo refletem seu estado de saúde física e emocional. Os trabalhos de cura e meditação, são freqüentemente, realizados com três caldeirões.
Homens e mulheres são iguais em poder e capacidade na liderança de grupos reconstrucionistas. Ambos ocupam cargos de pesquisadores, estudiosos, clérigos, guerreiros, artesãos e lideres tribais. É dada igual reverência aos Deuses e Deusas.
Ainda que muitas pessoas de ancestralidade celta sejam adeptas do movimento, ser descendente dos Celtas não é obrigatório. Respeitamos todos os nossos ancestrais e professores, sendo eles Celtas ou não. Muitos de nós não possui nenhuma ancestralidade Celta, mas aceitamos o povo Celta, como ancestrais espirituais em nossa busca pessoal.
Sabemos que toda a humanidade se originou na África, acreditamos que somos todos irmãos de uma grande família, com um só sangue. Celtas reconstrucionistas são todos fortemente anti-racismo e abertos a pessoas de todas as cores, raças e etnias e que desejem seguir as divindades celtas no estilo reconstrucionista. O conhecimento de outras culturas também seve como um maravilhoso ‘feedback’ para examinarmos e validarmos o conhecimento que vem de nossa inspiração individual.
Devido ao nosso elo com os espíritos da natureza e ao fato de que a Terra onde vivemos é sagrada, muitos celtas reconstrucionistas consideram o envolvimento com o meio ambiente e o ativismo, uma parte fundamental de suas práticas.
Muitos se empenham em conhecer a ecologia local, considerando de vital importância conhecer plantas, pássaros e animais, bem como, uma maneira de se conectar com o território em que vivem e os espíritos da natureza. O ativismo ecológico e o ecofeminismo, também, fazem parte das práticas individuais do movimento reconstrucionista.
A metáfora natural é uma coisa comum na linguagem dos filósofos, ritualistas e pensadores reconstrucionistas, nós absorvemos tudo isso, através da longa tradição de poesia natural e misticismo das terras Celtas.
Pesquisa, misticismo e inspiração pessoal, são todos valiosos no Reconstrucionismo Celta. Pesquisas e conhecimento teórico são profundamente respeitados no movimento. Entendimento e apreciação histórica também são importantes. O conhecimento das línguas celtas não é necessário, mas um vocabulário prático de termos técnicos é valorizado e respeitado no movimento. Alguns conduzem os rituais parciais ou inteiramente em língua celta, quando possível.
A inspiração individual e os frutos dessa meditação, êxtase e trabalhos misticamente orientados, também, são altamente valorizados. Todos são debatidos, compartilhados e examinados para que sejam incluídos às praticas individuais ou grupais.
Os clérigos podem ser curandeiros, adivinhadores, filósofos e teólogos do movimento, ainda que nenhuma dessas atividades seja exclusividade dos membros do clero. O Reconstrucionismo Celta descreve-os como: Draoi ou Filidh.
Artesãos, escritores e poetas, são descritos como: Aes Dána ou "pessoas da arte".
Cada grupo se organiza de maneira diferente, não existe uma estrutura universal no Reconstrucionismo Celta. Alguns se identificam como Bosques, outros como Tribo, Tuatha ou Thuat. Outros preferem famílias ou se organizam em colégios druídicos, escolas, ordens, etc. Não há regras governando a criação ou a prática de um grupo, a não ser, os princípios gerais e éticos da própria tradição em si.
Praticantes do reconstrucionismo celta acreditam que há limites, para o que se pode e o que se deve fazer, num senso ético e social, baseado em conceitos tirados das Brehon Laws, da Irlanda e outras fontes tradicionais, tais como: As Instruções de Morann Mac Main ou as Tríades Irlandesas e Galesas. Alguns reconstrucionistas celtas submetem-se a uma série de virtudes seguidas por muitos, tais como: Verdade, Honra, Justiça, Lealdade, Coragem, Comunidade, Hospitalidade, Força e Gentileza.
As pessoas dentro do movimento podem ser veteranos ou pacifistas, por vezes, ambos. O posto do guerreiro é visto como de um legítimo protetor da tribo.
Reconstrucionistas celtas rejeitam veementemente racismo, sexismo, homofobia e qualquer outra forma de discriminação que divida as pessoas em grupos rivais.
Dias Sagrados
Reconstrucionistas Celtas seguem os 4 grandes festivais dos antigos celtas, são eles:
Oíche Shamhna / Samhain
Lá Fhaile Bríde / Oímealg
Lá Bealtaine / Bealtaine
Lá Fhaile Lœnasa / Lughnasadh
Grupos e praticantes isolados podem pronunciar ou nomear esses festivais de diferentes maneiras, na linguagem da cultura que estejam almejando reconstruir. Os nomes podem ser em gales, córnico, gaulês ou em outro idioma. Reconstrucionistas gauleses, geralmente, celebram os festivais de acordo com o calendário de Coligny.
Alguns grupos e indivíduos somam aos 4 grandes festivais, outros festivais de devoções a deidades individuais ou de acordo com o clima local, um fenômeno natural local, que tenha um significado para eles. No pacifico noroeste, reconstrucionistas celtas celebram um festival anual na época dos salmões. Outros celebram um festival à Épona, no começo de dezembro ou em Man, eles paguem tributos a Manannan, por volta do solstício de verão. E assim por diante.
Modos de culto
O culto varia enormemente no movimento reconstrucionista. As semelhanças se encontram mais na concordância filosófica, que na consistência dos padrões rituais entre os grupos.
Reconstrucionistas celtas não traçam círculos, ao contrário de muitas outras tradições neo-pagãs. Sentimos, no movimento, que o mundo inteiro é sagrado e assim não temos que delinear o que é ou não sagrado. Alguns reconhecem 4 ou 12 ventos, marcando divisões no mundo em quadrantes ou províncias.
A maioria dos reconstrucionistas montam altares, lareiras ou santuários em suas casas, alguns dedicados a deidades individuais, outros a espíritos ou ancestrais. Alguns montam altares com propósitos mágicos específicos, como cura ou inspiração. Muitos altares não tem forma padrão em mesas com objetos, podem ser em uma raiz de árvore, um monte de pedras ou uma fonte de água.
Divindades são chamadas para nosso culto, como convidados e como foco de nossa devoção. Espíritos e ancestrais, também, são convidados. A maioria dos rituais envolvem oferendas de comida, bebida, incenso e outras coisas.
Às vezes, são feitos pedidos as deidades, espíritos ou ancestrais, ainda que essa não seja a razão principal do ritual. A divinação, freqüentemente, é feita após a entrega de uma oferenda.
Muitos reconstrucionistas celtas consideram cada ação diária como uma forma de ritual. Alguns buscam inspiração no Carmina Gadelica, criando músicas e orações para cada etapa do seu dia. Outros fazem oferendas, quando estão colhendo ou lidando com ervas. Alguns rituais são tão importantes quanto os 4 festivais principais.
Normalmente reescrevemos nossas preces e feitiços de fontes medievais. Não acreditamos que um ritual deva ser formal, para ter efeito ou ser útil. Essas ações diárias estão alinhadas com a cultura celta, baseadas num estilo de vida tribal.
A magia é parte da prática do movimento. Reconstrucionistas não trabalham nos formatos platônicos, hermético ou de magia cerimonial.
O Ogham é um veículo comum de adivinhação, assim como, a análise de penas de um pássaro ou o observar das nuvens. O sonho e as visões são importantes fontes de inspiração e de divinação. A poesia e a música, freqüentemente, são vistos como componentes fundamentais da magia reconstrucionista.
Feitiços elaborados, a partir de feitiços encontrados no folclore celta tradicional, são constantemente usados com poemas cantados para aumentar seu poder. A reverência aos Deuses e a ajuda dos espíritos, fazem parte da magia reconstrucionista.
O termo "pagão" é uma adaptação cristã do "gentio" do judaísmo, e como tal tem um viés abraâmico inerente, com todas as conotações pejorativas entre monoteístas ocidentais, comparáveis aos pagãos e infiéis também conhecidos como kafir (????) e mushrik no Islã. Por esta razão, etnólogos evitam o termo "paganismo", por seus significados incertos e variados, referindo-se à fé tradicional ou histórica, preferindo categorias mais precisos, tais como o politeísmo, xamanismo, panteísmo ou o animismo.
Desde o século XX, os termos "pagão" ou "paganismo" tornaram-se amplamente utilizados como uma auto-designação por adeptos do neopaganismo. Como tal, vários estudiosos modernos têm começado a aplicar o termo de três grupos distintos de crenças: Politeísmo Histórico (como a Mitologia celta e o Paganismo nórdico), Folk/étnica/religiões indígenas (como a Religião tradicional chinesa e as Religiões tradicionais africanas) e o Neo-paganismo (como a Wicca e o Neopaganismo germânico).
Etimologia
O primeiro registro histórico da palavra data do século IV a. C. e deve-se aos judeus que distinguiam entre judeus e não-judeus, ou os que não cultuavam Yahweh, viviam sem a Torá e conduziam uma vida desregrada. O termo teve origem na necessidade de os judeus construirem uma identidade e uma nação que excluisse todos os que não respeitavam a Lei . Patriarcado é uma palavra herdada da cultura judaica e derivada do grego pater, e se refere a um território ou jurisdição governado por um patriarca; de onde a palavra pátria. Pátria relaciona-se ao conceito de país, do italiano paese, por sua vez originário do latim pagus, aldeia, donde também vem pagão. País, pátria, patriarcado e pagão tem a mesma raiz .
Nos estudos académicos acerca do Paganismo, têm sido discriminados alguns conceitos de referência:
Paleopaganismo
Incluem-se neste conceito as religiões do antigo Egipto, do mundo greco-romano da Antiguidade Clássica, a antiga religião dos celtas (Druidismo), a religião Norse ou mitologia nórdica, Mitraísmo, bem como as religiões das populações Nativo-americanos, como a religião Asteca, etc.
Cultura
Na Europa há um tronco da religiosidade pagã, com as suas ramificações germânicas e célticas, que se mostra linear quanto a algumas características:
A sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nomadas de caçadores-colectores, a principal característica é uma forte ligação à terra, à Natureza, tida como sagrada e viva.
A sua origem matriarca, há um sentimento de corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade, ligados por laços de parentesco a uma ancestral comum.
Esse sentimento de ancestralidade é partilhado também com a Natureza e particularmente com os seres vivos, levando a um fundamental respeito a todas as formas de vida e existência.
Por isso, a cultura Pagã tem uma relação mágica com a Natureza.
Noção cíclica do tempo, a partir da ciclicidade dos fenómenos naturais (estações do ano, lunação, movimentos do sol, etc), em contraste à noção linear das culturas de matriz abraâmica.
O consequente sentimento de profunda responsabilidade e parceria com a Natureza, tornando os humanos corresponsáveis pela continuidade do círculo.
O que, por outro lado, também leva a um profundo respeito pelos antepassados, que sacrificaram suas vidas para que a comunidade continue a existir.
Desenvolvimento de uma medicina natural, baseada nas qualidades curativas das ervas, e xamânica, baseada no poder fértil da Natureza e na relação mágica com a realidade.
Havendo uma enorme diversidade entre as muitas religiões pagãs no mundo, estas características ilustram apenas as mais significativas ramificações europeias.
Religiosidade
Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma e concretude à espiritualidade pagã. Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:
Procissão Perchten em Klagenfurt, Áustria, que é um resquício de uma prática realizada pelos pagãos históricos da área. Muitos elementos da cultura e do folclore europeu moderno são originários entre crenças e práticas pagãs.
Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, a divindade se encontra na própria Natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através dos seus fenómenos.
A ausência da noção de pecado, inferno e mal absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e directa, a ideia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de inferno.
A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas. Templos Pagãos são um desenvolvimento muito posterior.
A imanência dos deuses e a ideologia da ancestralidade divina, confere à divindade características antropomórficas e as relações tendem a ser estreitadas ao longo da vivência religiosa.
O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um carácter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
Essas relações pessoais humanos/deuses, leva à ausência de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica.
A sacralidade da Natureza torna todas as religiões pagãs em religiões de comunhão, ou seja, que não visam dominar a Natureza, mas harmonizar-se com ela. Por isso, também são religiões intuitivas e emocionais. Em geral, os pagãos valorizam mais a vivência da religiosidade em detrimento das infindáveis discussões metafísicas.
O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade do egrégor ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primitivo da sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a ideia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal Pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa ideia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento. O encontro com a Deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.
Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como diferenças entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.
Neopaganismo
Uma cerimônia no festival anual de Prometheia do grupo politeísta grego "Conselho Supremo de Ethnikoi Hellenes", em junho de 2006.
Ver artigo principal: Neopaganismo
O Neopaganismo inclui religiões reconstruídas como o reconstrucionismo do Politeísmo Helênico, Celta ou Germânico, bem como modernas tradições ecléticas como Discordianismo, ou Wicca e suas muitas correntes.
Muitas dessas "reconstruções", como o Wicca e Neo-druidismo em particular, têm suas raízes no Romantismo do século XIX e reter os elementos visíveis do ocultismo ou teosofia que estavam em curso, então, que os distingue religião e folclore histórico rural (paganus).
O que é PAGANISMO?
Ao contrário do que se pensa, Paganismo nada tem a ver com o culto ao demônio - até porque o demônio não passa de uma invenção das tradições judaico-cristãs. A palavra "PAGÃO" vem do latim "paganus", que é aquele que mora no "pagus", no campo, na Natureza. Assim, pode-se dizer que, em termos religiosos, o Paganismo é o culto e o respeito às forças da Natureza. Para o Pagão, toda a Natureza é viva, é Sagrada - e seus deuses e deusas refletem essa crença, oferecendo conforto e equilíbrio àqueles que compreendem o real significado de se respeitar a Natureza.
Muitos equívocos são propagados quanto ao real sentido da palavra "paganismo", por dicionários, enciclopédias e até mesmo por seus seguidores. Em alguns casos, o termo pagão é empregue como sinônimo de não-cristão - o que é um grande erro, pois assim se incluiriam religiões como o Judaísmo, o Islã e outras, as quais não possuem componentes distintamente "pagãos" no sentido real da palavra - ou seja, de respeito à Natureza. Em outros verbetes, um "pagão" é aquele que ainda não foi batizado no cristianismo. Em outros mais, os termos "paganismo" e "ateísmo" são confundidos, pois ateu é aquele que não crê em nada, não possui religião - bem diferente da noção de paganismo enquanto caminho religioso.
Mas quem são os pagãos? Originalmente, esse termo era empregue para diferenciar os seguidores das religiões da Terra, dos muitos deuses e deusas da Natureza. É este o sentido que adotamos quando utilizamos o termo "paganismo". Assim, costumamos nos referir às culturas pré-cristãs da Europa e das Américas (apenas como exemplos clássicos) como "culturas pagãs". Poucas pessoas hoje em dia ainda mantêm um contato direto com as tradições originais do Paganismo, daí a necessidade de se diferenciar o Paganismo original - surgido na Antigüidade - do novo paganismo, representado por diversas correntes recentes. Para que tal diferenciação seja bem clara e cristalina, muitos autores e pesquisadores optam por utilizar o termo neo-pagão, ou seja, os novos pagãos - aqueles que seguem tradições filosófico-espirituais inspiradas nos ensinamentos e valores das Antigas Religiões. Dentre estas correntes neo-pagãs, sem dúvida duas ganham destaque: a wicca e o neo-druidismo.
Bênçãos do céu, da terra e do mar!
A jornada se inicia na busca interior dos segredos adormecidos dentro de nós. A mente é o começo, nossas atitudes o resultado final e a percepção, que vai além da lenda e do mito, elementos fundamentais para nossa evolução espiritual... Nosso objetivo é resgatar a espiritualidade dos druidas - o druidismo, através do estudo da história antiga e da cultura dos povos celtas.
Avalon, conhecida como a ilha das maçãs, a ilha mística que separa o mundo profano do mundo divino. Uma analogia aos arquétipos dos mitos arturianos que facilitam o nosso caminhar rumo aos Deuses, juntamente com o ciclo da natureza que percorre as estações do ano, concluindo assim, sua trajetória de renovação.
Apesar das controvérsias entre fato e ficção, rudes guerreiros da tradição celta são transformados em nobres cavaleiros e as heróicas buscas de testemunhos druídicos tornam-se aliados ao poder do mito e da lenda na busca da verdade, da honra, da justiça, da lealdade, do bem e do belo, ajudando-nos a divulgar o paganismo celta com seriedade, equilíbrio e bom-senso.
Miticamente, a colina do Tor, em Glastonbury, representa a entrada do Outro Mundo, Annwn ou Portal de Summerland, Terra do Eterno Verão, da magia e do awen sagrado, a inspiração divina. Misteriosa ilha, cantada em verso e prosa por trovadores medievais, inspirados na beleza dos antigos costumes celtas.
Através da Arte Antiga, que o poder dos bosques da ilha sagrada renove as energias e reavive a esperança, outrora perdida em nossos corações. Não como uma lenda morta, mas como um ideal vivo e realizável. Pois a magia está na sabedoria de cultivarmos apenas aquilo que queremos de volta para nós.
Peço então, que as brumas dêem passagem aos conhecimentos e ao saber dos Antigos, o real caminho da verdade, do bem e do belo. Este espaço é dedicado a todos aqueles que buscam viver de maneira plena e em concordância aos princípios maior da grande natureza, abençoados pela terra, o céu e o mar... Que assim seja!
Poesias Pagãs
Templo de Avalon
Invoco toda a magia de Avalon,
Templo e morada dos Deuses celtas
Linha tênue que separa esse breve momento
Pela Deusa as criaturas se fazem presentes
Buscam o equilíbrio e resgatam a sagrada unidade
Que vai muito além do éter dessa névoa de prata
Gnomidas revolvem a terra para as boas novas
Silfos espalham gotículas e renovam o ar de alegria
Salamandras expurgam os tolos do caminho
E as ninfas revelam segredos do transe ascendente
Muitos falam, alguns percebem e poucos entendem
As palavras soltas ao vento, adentram os corações
Despertam emoções adormecidas, jamais esquecidas
Logo a semente estará em seu ventre
Germinando uma era de esperanças renovadas
Apenas por uma questão de tempo desse universo
Paralelo sagrado, programado nas ondas quânticas
Através da figura singela de uma Deusa criança
Corre tempo, busque terra, voe folha
Queime nas fogueiras sagradas e renasça
Através das águas cristalinas da fonte sagrada
Avalon, a terra dos campos verdes e do céu azul...
Estás além das brumas do tempo e da ilusão!
Sombras da Lua
Boca vermelha,
Sedenta de beijos ardentes
De uma longa era
Além da alma sombria
Tormento vivido
Na loucura dessa noite fria
Branco pálido da morte,
Grita alto pelas sombras da Lua
E rompe no peito a fúria guardada
Pelos séculos perdidos
Deste breve momento.
Álbum de Retratos
É fácil mentir sobre si mesmo
Então... De que servirão simples palavras?
Por acaso se eu me denominar flor
Assim o seria pra você?
Ou se te mostrar um espelho,
Seria eu, atrás do aço, o seu reflexo?
Se cheirar, ter cor e gosto de mel
Serei eu doce pra você?
Ou melhor, se mesmo assim eu te disser
Que sou ácida...
No que acreditaria?
Ou, inversamente, ter cor, cheiro e consistência de veneno
Mas me denominar remédio...
Curaria você?
Posso ter facas sob a maciez da pele
Posso ter nuvens atrás dos muros...
Como você saberá se ficar me olhando de longe?
Ou melhor, como saberá se eu te disser?
Nada podem as palavras contra a verdade dos fatos...
TITHÂNIA
Sempre serei aquele que é sustentado
Por seu poder de liberdade, és ar,
Eu sou fogo que queima
Sou a chama que não deve ser apagada,
E mesmo no mais rigoroso inverno
Lutarei para resistir a investida da nevasca
Somente para manter o calor da vida em teu ser
Mas como diz a palavra trazida por Aisling,
A Deusa Celta da Esperança e das Fadas
Navegarei de volta ao meu ponto de origem
Eis que um guardião não morre, apenas adormece
Sou aquele que com humildade e amor
Caminha sobre a humanidade moderna
Sou filho do grande Deus bom Dagdha
Escolhido pela esmeralda verde, Dannu,
Minha Mãe e Senhora do portal Verde
Afilhado de Gwyn Ap Nudd e Ainennh
Sou aquele que guarda as portas
De Glastonbury, Annwn,
Ou das ilhas mágicas flutuantes
Sou remanescente de um tempo que não existe
Tal qual os homens atuais imaginam
Sou aquele que está no orvalho
Na grama verde com seus pequeninos
Habitantes tais quais faíscas verdes de esperança
Nasci e fui consagrado diante do grande espírito
Do carvalho, consagrado um dragão verde
Um druida, um bardo mais que isso
Sou um filho dos sonhos que continua e
Continuará lutando pela honra, justiça
E real igualdade entre homens e mulheres
Pois o sagrado do Deus e da Deusa
Devem estar unidos na Sagrada Sincronia
Eis que dois mundos se tocaram, e sempre vão se tocar
E onde houver um circulo, um esbhá ou um sabatt
Ou mesmo um distante clamor a Deusa e ao Deus,
Preenchido dos valores do código,
Eu, Norhuyas Abramesth Smaragdus,
Aquele que tem mil formas como o Deus,
Aquele que vai a todos os lugares e está com todos
Serei o elemento a zelar
No éter, no ar, no fogo, na água e na terra
Pois Eu Sou Guardião dos sonhos, príncipe desse lugar
Onde o coração de criança acessa com tanta facilidade,
Quando sentir que os sonhos estão sendo sufocados
Pela dura realidade, não esmoreça, pegue seu athame,
Sua varinha encantada, pelos elementais,
Abra o circulo e grite bem alto
Eu nunca deixarei de sonhar.
Filhos das Estrelas
Salve Filhos das Estrelas Brilhantes,
Vindos nas asas de Erin, pelas bênçãos de Dannan!
Mestres da magia, ouçam o nosso chamado,
Mostre-nos a pedra do destino, a Lia Fáil
Pela espada de Nuada, seja a justiça equilibrada
Nas verdades da Deusa e do Deus.
E que a lança de Lugh, o Brilhante,
Nos dê a vitória sobre o orgulho desmedido.
Que o caldeirão da transformação do Grande Dagda,
Possa nos renovar todos os dias,
Abençoando-nos com sua fartura e bem-aventurança.
Pela triqueta sagrada, se apresentem hábeis filhos,
Os Tuatha Dé Danann, pelo código de honra ao teu povo!
Tanto nos montes e nas florestas abaixo da terra,
Assim como, toda a terra acima de toda a terra.
Se façam presentes em nós, para que vossa sabedoria,
Possa nos levar adiante no propósito maior,
No principio da tua mais perfeita criação,
Em benefício de toda a humanidade.
Que a luz brilhe na escuridão e o amor guie os corações,
Na esperança do amanhecer, a eterna promessa.
Dos Filhos das Estrelas Brilhantes!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Quem eu gosto
Quem eu gosto
Gosta de mim
Quem eu gosto
Não me acha perfeita
Quem eu gosto me aceita
Louca, livre
Mau humorada, irritada
Quem eu gosto
Gosta de mim
Quem eu gosto
Me conhece
E mesmo que não me conheça
Gosta de mim
Quem eu gosto
Sabe da minha alegria,
Beleza, harmonia
Conhece o sabor das minhas lágrimas
Sabe da força dentro de mim
Quem eu gosto
Gosta de mim
Porque antes de me ver
Viu a minha alma
Quem eu gosto
Gosta de mim.
Três Rosas Vermelhas - O Registro Poético de uma Bruxa®,
Lydia Gomes de Arddhu e Brigit
PEREGRINA
Sou uma peregrina da vida
Onde ela pode me levar eu não sei
Mas sei que ela me quer e eu a quero
Transformo minhas mudanças em presentes para mim mesma
Trabalho o que pra mim é vital em cada momento
Sou uma peregrina da alma
Com ela comungo com os quatro elementos
Me sintonizo com suas forças
Pra me fazer inteira
Mergulho em suas energias
Pra me sentir completa
Sou uma peregrina da Arte
Que com seus mistérios tudo transforma
Que se funde em mim de várias maneiras
Que me faz transpirá-la por meu corpo inteiro
Sou uma peregrina
Sou uma peregrina
Sou uma peregrina
Livre
Selvagem
Natural
Sempre peregrina...
De mim mesma.
Anna Leão. Todos os direitos reservados.
Esperança do Amanhecer
Filha dos sonhos,
Corra abra a porta
Do velho carvalho.
Escute os seus segredos.
O poente se aproxima.
A vida se encaminha.
A felicidade está viva.
Dance até cair à última folha.
Pegue o galho dourado
E atravesse o portal.
Corra, o tempo voa,
Os Deuses estão aqui.
Pegue o galho prateado
E atravesse o portal.
A luz brilha sobre vocês.
Não desista, a barca lhe espera.
As sementes novamente germinam
E os séculos despertaram o Rei.
Corra e abrace o seu sonho.
Toque o seu coração.
A tua mão o alcança.
Traga-o de volta.
Filhos da Arte e do amor.
A Senhora não mente
E aqui se faz presente.
Acredite na força dessa magia.
Abençoados sejam!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Ser Pagão
Ser pagão é buscar constantemente harmonizar-se com a infinita sabedoria da natureza, onde se aprende diariamente através da linguagem da Terra e da Lua, das folhas das árvores, da beleza do canto dos pássaros, do cheiro das ervas e das flores, a conhecer o valor do respeito, do amor e do equilíbrio.
Paganismo, seria o nome dado para as pessoas que seguem as religiões politeísta, panteísta e animista, que respeitam a natureza e cultuam Deuses e Deusas, como por exemplo: Druidismo, Xamanismo e Reconstrucionismo Celta.
Mas, que fique bem claro, que pagão não é ateu e muito menos cultua o "diabo", que álias, é uma figura existente apenas no meio cristão, criada para dominar as pessoas através do medo e da culpa!
Pagãos acreditam e prestam culto às divindades pagãs centradas na verdade, no bem e no belo, aos espíritos da natureza e aos seus ancestrais. Apesar das diversas definições sobre o paganismo, é importante ressaltar que todo pagão é politeísta e respeita todas as formas de vida, assim como a própria natureza, que lhes é sagrada, tirando partido dela sem que assim venha destruí-la.
Atualmente, aqueles que seguem o paganismo celta, buscam aprimorar-se além das práticas diárias e sazonais, estudam a história, a arqueologia, os mitos, as lendas e o resgate das línguas celtas, principalmente o gaélico.
A celebração dos festivais solares automaticamente religa o homem aos ciclos naturais da Terra e às mudanças das estações. Cada ciclo reflete diretamente toda sua influência sobre nós e a partir deste princípio, passamos a vivenciar e a compreender melhor essas mudanças, além de todos os ciclos lunares.
Podemos encontrar uma grande variedade de tradições dentro do paganismo, mas esta variedade de experiências espirituais são apenas ramos diferentes da mesma árvore e, como tal, deve ser respeitada como a representação máxima da unidade divina. Nossos maiores mestres são a própria natureza e os Deuses.
Enfim, fuja daqueles que possuem caldeirões lotados de ego negativo. Isso não quer dizer que ser pagão é ser "perfeito". A perfeição é um dos objetivos do nosso caminho e, de modo geral, de todas as pessoas. O "bem" e o "mal" são relativos, pois o verdadeiro pagão busca o equilíbrio entre a luz e a sombra, com responsabilidade e bom senso. Essa é a real iniciação da alma e do coração. Que assim seja!
O Caminho do Equilíbrio
O equilíbrio é algo que se deve buscar tanto no âmbito pessoal quanto através de uma visão universal. O povo pagão busca equilíbrio dentro de seus corações, na natureza e no Universo, porque perder o equilíbrio dentro de seu próprio ser é o mesmo que perder o equilíbrio com a ordem natural e com as Divindades. O equilíbrio é uma compreensão dos mundos da natureza e da humanidade com o Todo.
Conhecer o amor é o mesmo que ser capaz de ver a luz comum que corre por toda a vida, e verdadeiramente tocar as divindades. O amor é o que nos faz reconhecer aquele aspecto dentro de cada espírito humano que pertence ao reino divino e assim, apreciar sua virtude. É a forma que temos de contemplar as qualidades dos Deuses dentro de nós, às vezes como um caminho que nos faz admirar nossos irmãos.
Se você não o encontrar dentro de si, não será capaz de encontrá-lo do lado de fora, porque essa é a natureza de toda a forma de amor. A confiança não é apenas o fundamento do amor, mas é um código de vida. Se não existe confiança, o amor e a verdade serão sempre ilusórios, porque a confiança é a base forte sobre a qual suas casas são erguidas.
As palavras de sabedoria a seguir, que foram herdadas de algumas tradições, poderão servir como um guia que se refere ao objetivo, benefícios e aos tipos de confiança.
"Escolha com cuidado em quem sua confiança será depositada, mas se ele for digno dela, a dê sem restrições."
"Se você não pode confiar naquele que será seu mestre, não permita que seu aprendizado dependa dele e busque seus conhecimentos em outro lugar."
"Há certas coisas que devem ser aceitas com confiança, até que o tempo seja capaz de clarear o caminho para sua compreensão."
"Não se deixe iludir! Se você não acredita no que vê, descarte a possibilidade."
Verdades e Curiosidades
"A partir do século IV, o cristianismo se tornou a religião oficial em Roma. Apesar disto, muitos continuaram fiéis ao seus Deuses e Deusas. Os habitantes do campo eram chamados "paganus" e por não terem aderido ao cristianismo passaram a serem perseguidos e forçados a conversão.
A partir desta época todo aquele que não fosse cristão era considerado "pagão". A transição da Antiga Religião Pagã para a Religião Cristã, aconteceu durante um longo período. Nenhum pagão tornou-se cristão do dia para a noite. Os aristocratas foram menos resistentes, porque percebiam o poder da nova crença, mas os habitantes dos campos (paganus), recusaram-se a aceitar a nova fé.
Os sacerdotes do cristianismo passaram a adaptar as festas pagãs. Alguns templos pagãos, pouco a pouco, foram usados pela Igreja. A Igreja Cristã foi se tornando uma poderosa instituição. O que ela não podia destruir da Antiga Religião ela adaptava, transformando crenças pagãs em cristãs.
Foi assim, por exemplo, o que a Igreja fez com o Natal. Nesta época os Romanos festejavam Saturno. Com o tempo, os camponeses começaram a aceitar a doutrina que falava de Jesus, um homem que havia se pendurado numa cruz em favor de seus fiéis, lembrando Deus Odin que havia se pendurado uma árvore para adquirir a sabedoria das Runas Sagradas.
Com o tempo passaram a associar Maria, mãe de Jesus à Mãe Terra. Durante um período, houve uma fé dupla: acreditavam no novo Deus cristão, mas não abandonavam suas crenças. Sabe-se que muitas orações cristãs foram criadas, baseadas em encantamentos pagãos...
A influência do cristianismo faz-se sentir nas inscrições em que se nota uma clara mistura das duas crenças quando lemos em uma mesma pedra a invocação de proteção ao Deus Thor e ao mesmo tempo, ao Deus cristão.
Na verdade, a Igreja Cristã nunca conseguiu extinguir, de fato, as crenças classificadas por ela como pagãs.
No final do século XIV, começou a temporada da perseguição aos pagãos, às bruxas e a tudo que era contrário às crenças cristãs. Infelizmente, durante quase 400 anos, muitas pessoas morreram acusadas de prática da bruxaria."
Esse tempo é passado e de agora em diante vale ressaltar o princípio da liberdade religiosa, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, Artigo 18, que diz o seguinte:
"Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; este direito implica a liberdade de mudar de religião ou de convicção, assim como a liberdade de manifestar a religião ou convicção, sozinho ou em comum, tanto em público como em privado, pelo ensino, pela prática, pelo culto e pelos ritos."
Garatindo acima de tudo o respeito mútuo e a nossa liberdade de expressão religiosa!
As Luas do Hemisfério Sul
Adaptamos o calendário lunar ao nosso hemisfério, pois o aspecto da Lua no Hemisfério Sul é invertido em relação ao Hemisfério Norte. Contando 28 dias por lunação, período médio em que a Lua dá a volta ao redor da Terra e em torno do seu próprio eixo, pode-se dizer que existem de doze a treze luas cheias em um ano.
Os rituais e as meditações durante a Lua Cheia, ajudam-nos a aumentar nossa consciência e a aguçar a percepção de nossas almas e assim reequilibrarmos toda a nossa energia. Conforme muitas tradições pagãs, as Celebrações Lunares de Lua Cheia, celebradas durante todo o ano lunar, são:
- Lua do Sangue: Nasce em Abril, é a primeira Lua cheia antes de Samhain. Ela é associada à cor vermelha e nos tempos antigos marcava o período de abate dos animais e o armazenamento de comida para a estação do inverno que está por vir. Como a primeira geada não está muito longe, plantas logo desaparecem da terra, e a carne toma-se a maior fonte de alimento durante o inverno. É a Lua que celebra a ancestralidade, a fecundidade e a maternidade.
- Lua da Neve ou Escura: É a Lua de Maio. Está associada à cor prata, branca e o azul-claro. Nesse período, se os primeiros sinais de geada ainda não começaram a cair, eles não estão muito distante. A terra começa um tempo de descanso profundo sob os cobertores do inverno, juntando forças para a nova vida no despertar da primavera. Lua ideal para conectar-se com as forças divinas.
- Lua do Carvalho: Chega em Junho. É considerada uma Lua Negra, associada ao aspecto do Senhor do Carvalho. O carvalho, como seu símbolo, é a madeira tradicionalmente queimada nas fogueiras do Solstício de Inverno, que correspondente a época natalina cristã. É a Lua do recomeço, da transmutação e do renascimento.
- Lua do Gelo ou do Lobo: Vem em Julho. Sua cor é roxa, representa as águas frias da terra que ficam presas sob um lençol de gelo e a terra sob a geada. Época ideal para realizar trabalhos em grupo e esforços conjuntos, pois favorece a união e a unidade.
- Lua da Tempestade: Agosto descreve o longo movimento de espera das águas geladas. Conforme as chuvas caem e os oceanos se enfurecem, este é um sinal certo de que as águas irão mais uma vez fluir e a primavera irá retornar. Essa Lua é associada a cor azul, a cor das águas sagradas dedicada à Deusa Brighid. É a Lua que visa o equilíbrio entre a luz e as sombras.
- Lua Casta ou dos Ventos: Setembro é a volta da primavera com a vida renovada. Representa a forma virginal, limpa e intocada dos campos. Apropriadamente, sua cor é o branco. É a Lua que celebra a Deusa Tríplice.
- Lua da Semente: Outubro anuncia o crescimento que irá colorir a terra, conforme as estações avançam. As sementes que estão em repouso abaixo do solo começam a germinar, ao mesmo tempo em que toda a vida desperta para a terra aquecida. Sua cor é o verde-claro. Época ideal para plantar as novas sementes do futuro.
- Lua da Lebre ou da Flor: Nasce em Novembro. Lua dedicada as Deusas da fertilidade. Rosa, a cor do amor e o branco, são as cores da Lua da Lebre. Conforme a primavera atinge seu ápice, o romance e o amor ficam mais evidentes. Essa é a Lua do despertar da consciência e da sexualidade.
- Lua da Díade ou Brilhante: Dezembro é o período do Solstício de Verão. É a Lua dos Amantes, que reflete a presença visível dos Deuses, estampados no sol brilhante e nos campos verdejantes. Essa Lua é considerada da cor laranja, ou seja, a cor do sol de verão. A Lua da união, do amor e da prosperidade.
- Lua das Campinas ou da Bênção: Nasce em Janeiro. Ela é a última Lua antes da primeira colheita, é celebrada com danças e músicas. Este é o tempo em que os antigos pagãos preparavam os prados para as celebrações das colheitas. A Lua das Campinas é amarela, a cor do hidromel. Lua da fertilidade, dos sonhos e das bênçãos.
- Lua das Ervas ou da Colheita: É a Lua verde-escura de Fevereiro. O estado verde da terra, é o nome dado à Lua que surge ao mesmo tempo quando as plantas estão para ser colhidas. Tempo de honrar os frutos, pois o período do fim da colheita chegará com o primeiro movimento da foice nos pés das plantações. É a Lua da purificação, da cura e do agradecimento.
- Lua da Cevada: Surge antes do Equinócio de Outono, em Março. Os grãos são ceifados. É o fim da estação e o fim do ciclo anual. O marrom, a cor dos grãos, é a cor da Lua da Cevada. É a Lua da sabedoria, do conhecimento, das decisões e do fechamento de bons negócios.
- Lua do Vinho: É a Lua excedente do ano ou a 13ª Lua. Com a mudança do calendário lunar para o calendário solar, houve uma sobreposição de alguns meses. Às vezes existem doze Luas durante o ano solar e às vezes treze. Quando essa Lua "extra" surge geralmente nasce em abril ou maio, normalmente antes da Lua de Sangue. Essa Lua é em honra ao vinho. Sua cor é o vermelho púrpura, a cor do vinho e da vida. É a Lua da profecia e da criatividade.
Roda do Ano Druídica
Celebramos a Roda do Hemisfério Sul, que é representada por oitos festivais druídicos e tem como objetivo principal honrar os Deuses, os espíritos da natureza e os nossos antepassados, além de nos sintonizar com as mudanças das estações, durante o ano.
A Roda do Ano Druídica é composta por quatro Festivais Agrícolas e quatro Festivais Solares, considerados como dias sagrados. Além disso, o Ano Celta era dividido em duas metades: uma clara e a outra escura, associadas ao verão e ao inverno, classificadas no paganismo celta, como:
- Festivais Agrícolas: Samhain, Imbolc, Beltane e Lughnasadh.
- Festivais Solares: Solstício de Inverno, Equinócio de Primavera, Solstício de Verão e Equinócio de Outono.
Em nossos estudos observamos que a Dra. Miranda Green considera como autênticos apenas os quatro Festivas Agrícolas, mas, J.A. MacCulloch nos diz, no livro “A Religião dos Antigos Celtas”, que os Festivais Solares, solstícios e equinócios, eram um método de medição do tempo utilizado pelos povos celtas.
Existem outros indícios históricos que os celtas observavam os eventos sazonais, como por exemplo, o solstício de verão que era celebrado em certas regiões da Irlanda e da Gália, geralmente voltados aos Deuses: Áine, Epona e Manannán.
As celebrações solares possuem simbolismos mitológicos, que harmonizam e unificam nossa energia com as estações do ano, fazendo uma analogia ao caminho percorrido pelo Sol e aprofundando nossa percepção sobre os ciclos de morte e renascimento.
Samhain representa o começo da metade escura do ano, em contrapartida a Beltane, que representa o começo da metade clara, entre eles há os portais dos solstícios e dos equinócios. Os festivias, que celebramos atualmente, são:
Festival de Samhain:
Festival Agrícola
O Ano Novo Celta
30 de Abril
Solstício de Inverno:
Festival Solar
Mean Geimreadh - Alban Arthan
21 de Junho
Festival de Imbolc:
Festival Agrícola
A Noite de Brighid
1° de Agosto
Equinócio de Primavera:
Festival Solar
Mean Earrach - Alban Eilir
21 de Setembro
Festival de Beltane:
Festival Agrícola
Os Fogos de Bel
31 de Outubro
Solstício de Verão:
Festival Solar
Mean Samraidh - Alban Hefin
21 de Dezembro
Festival de Lughnasadh:
Festival Agrícola
A Festa da Colheita
1° de Fevereiro
Equinócio de Outono:
Festival Solar
Mean Foghmar - Alban Elfed
21 de Março
Aqueles que preferirem seguir a Roda do Hemisfério Norte poderão celebrar os festivais celtas em suas datas originais, além de notar, com mais precisão, a correspondência pagã com as festividades cristãs do calendário gregoriano, por exemplo, o Solstício de Inverno e o Natal, o Equinócio de Primavera e a Páscoa, e assim por diante.
Simbolicamente, seguindo as mansões da Lua na dança cósmica da Roda e realinhando nosso eixo energético aos ciclos do Ano, poderemos perceber nitidamente as mudanças da natureza dentro nós.
A Roda gira sem parar nas suas infinitas jornadas, completando assim o ciclo natural da sagrada espiral. Na linha do tempo não existem tradições e nem contradições, existe apenas a tradição ancestral, dentro do princípio maior da criação.
Vivencie seus rituais e celebre todas as fases da vida... Que a generosidade da Natureza, as bênçãos dos Deuses e o Caminho dos Sábios, os inspire!
Reconstrucionismo Celta
O Reconstrucionismo Celta (RC) ou Paganismo Reconstructionista Celta (PRC) é um movimento politeísta, animista, religioso e cultural, que surgiu como uma tradição independente, a partir dos anos 90.
Reconstrucionistas Celtas buscam, através das suas práticas, reconstruir e reviver, em um contexto cultural, lingüístico e religioso, as culturas celtas pré-cristãs nos dias de hoje, inspirados em pesquisas sérias, sobre: mitologia céltica, arte, história, arqueologia e idiomas originais, ainda existentes.
O caminho do Reconstrucionismo Celta está sempre em constante crescimento e evolução, assim como todos nós!
Ao compartilhamos alguns dos princípios desse movimento e para melhor compreensão, dentro da nossa caminhada espiritual junto ao Druidismo, descreveremos, a seguir, como ele é vivenciado atualmente.
"Todas as coisas são conectadas por um laço de poesia" - Leis Brehon. Que assim seja!
Rowena Arnehoy Seneween ®
Principais Crenças
Acreditamos que existam vários Deuses e que ele são entidades separadas e independentes merecedoras de culto. Acreditamos, também, que os ancestrais e espíritos da terra/natureza também são entidades individuais merecedoras de reconhecimento e reverência. Essas entidades existem num grupo coeso e não isolado dividido por categorias.
A maioria dos Reconstrucionistas celtas acreditam que as deidades e espíritos agem nesse mundo e em suas vidas pessoais, influenciandos-os e respondendo as preces e as oferendas. Alguns acreditam que não apenas os animais e árvores tem almas, mas, montanhas, rios, poços sagrados e outros fenômenos naturais, também.
Alguns acreditam que objetos criados podem ser imbuídos de espírito. Indivíduos e grupos freqüentemente seguem uma ou mais deidades que eles considerem especial ou tutelar, ou particularmente ligados a sua região ou foco de atividades. Muitos indivíduos se dedicam a uma ou mais deidades patrono/matrona.
As deidades celtas são o principal foco de nosso culto. Quando um reconstrucionista celta trabalha com deidades de outras culturas, ele o faz separadamente e de forma considerada culturalmente propícia aquelas deidades. Praticantes de reconstrucionismo celta raramente misturam ou escolhem espíritos ou divindades de diferentes culturas - até mesmo de diferentes culturas celtas - em um mesmo ritual. Se isso acontecer, será sempre com respeito a cada cultura e deidade envolvidas.
Todas as deidades são respeitadas, mas nem todas são cultuadas. Certos na crença de que cada deidade tem desejos e personalidades individuais, reconstrucionistas celtas preocupam-se em invocar e trabalhar com deidades que tenham afinidade umas com as outras, segundo o conhecimento.
Muitos reconstrucionistas celtas vêem o Cosmos na maneira dos Três Reinos: Terra, Mar e Céu. Outros consideram como: Submundo, Mundo Intermediário e Mundo Superior, em seu entendimento de cosmologia. Ainda há outros que considerem uma idéia de Outro Mundo ou Outros Mundos coexistentes como o nosso.
Todos esses Outros Mundos são considerados reais e acessíveis àqueles que possuem habilidades especiais. Em todas essas abordagens, o fogo exerce um papel diferente da visão neo-pagã. O fogo, particularmente, o fogo que vem da água, pode ser visto como símbolo do Imbas ou Awen - a divina inspiração. Alguns vêem isso como o pivô central sobre o qual o Cosmos gira - equivalente espiritual a árvore do mundo.
A árvore da vida é entendida como o centro do Cosmos, sob a qual os vários mundos são suspensos ou da qual eles crescem. Essa árvore pode ser fisicamente representada tanto como uma árvore real, como por uma coluna, que pode ser a coluna central ou o pilar de sustentação de uma área de ritual ou de uma casa, a Bilé sagrada.
Deuses e espíritos são reconhecidos como semelhantes a nós, possuindo desejos e vontades, onde não são, necessariamente, bondosos e amorosos o tempo todo.
Os elementos são discutidos ou usados em nossos rituais (e nem todos os reconstrucionistas celtas o fazem), o número varia de sete a onze, baseados no conceito de diferentes aspectos do mundo físico, como: chuva, sol, nuvens, plantas, pedras, solo, mar, vento e outros.
Nos ramo irlandês e escocês, do Reconstrucionismo Celta, o corpo é visto como contingente de uma estrutura energética interna em forma de 3 caldeirões, de onde provem e se processam a energia de inspiração vinda das deidades. O estado dos caldeirões em um corpo refletem seu estado de saúde física e emocional. Os trabalhos de cura e meditação, são freqüentemente, realizados com três caldeirões.
Homens e mulheres são iguais em poder e capacidade na liderança de grupos reconstrucionistas. Ambos ocupam cargos de pesquisadores, estudiosos, clérigos, guerreiros, artesãos e lideres tribais. É dada igual reverência aos Deuses e Deusas.
Ainda que muitas pessoas de ancestralidade celta sejam adeptas do movimento, ser descendente dos Celtas não é obrigatório. Respeitamos todos os nossos ancestrais e professores, sendo eles Celtas ou não. Muitos de nós não possui nenhuma ancestralidade Celta, mas aceitamos o povo Celta, como ancestrais espirituais em nossa busca pessoal.
Sabemos que toda a humanidade se originou na África, acreditamos que somos todos irmãos de uma grande família, com um só sangue. Celtas reconstrucionistas são todos fortemente anti-racismo e abertos a pessoas de todas as cores, raças e etnias e que desejem seguir as divindades celtas no estilo reconstrucionista. O conhecimento de outras culturas também seve como um maravilhoso ‘feedback’ para examinarmos e validarmos o conhecimento que vem de nossa inspiração individual.
Devido ao nosso elo com os espíritos da natureza e ao fato de que a Terra onde vivemos é sagrada, muitos celtas reconstrucionistas consideram o envolvimento com o meio ambiente e o ativismo, uma parte fundamental de suas práticas.
Muitos se empenham em conhecer a ecologia local, considerando de vital importância conhecer plantas, pássaros e animais, bem como, uma maneira de se conectar com o território em que vivem e os espíritos da natureza. O ativismo ecológico e o ecofeminismo, também, fazem parte das práticas individuais do movimento reconstrucionista.
A metáfora natural é uma coisa comum na linguagem dos filósofos, ritualistas e pensadores reconstrucionistas, nós absorvemos tudo isso, através da longa tradição de poesia natural e misticismo das terras Celtas.
Pesquisa, misticismo e inspiração pessoal, são todos valiosos no Reconstrucionismo Celta. Pesquisas e conhecimento teórico são profundamente respeitados no movimento. Entendimento e apreciação histórica também são importantes. O conhecimento das línguas celtas não é necessário, mas um vocabulário prático de termos técnicos é valorizado e respeitado no movimento. Alguns conduzem os rituais parciais ou inteiramente em língua celta, quando possível.
A inspiração individual e os frutos dessa meditação, êxtase e trabalhos misticamente orientados, também, são altamente valorizados. Todos são debatidos, compartilhados e examinados para que sejam incluídos às praticas individuais ou grupais.
Os clérigos podem ser curandeiros, adivinhadores, filósofos e teólogos do movimento, ainda que nenhuma dessas atividades seja exclusividade dos membros do clero. O Reconstrucionismo Celta descreve-os como: Draoi ou Filidh.
Artesãos, escritores e poetas, são descritos como: Aes Dána ou "pessoas da arte".
Cada grupo se organiza de maneira diferente, não existe uma estrutura universal no Reconstrucionismo Celta. Alguns se identificam como Bosques, outros como Tribo, Tuatha ou Thuat. Outros preferem famílias ou se organizam em colégios druídicos, escolas, ordens, etc. Não há regras governando a criação ou a prática de um grupo, a não ser, os princípios gerais e éticos da própria tradição em si.
Praticantes do reconstrucionismo celta acreditam que há limites, para o que se pode e o que se deve fazer, num senso ético e social, baseado em conceitos tirados das Brehon Laws, da Irlanda e outras fontes tradicionais, tais como: As Instruções de Morann Mac Main ou as Tríades Irlandesas e Galesas. Alguns reconstrucionistas celtas submetem-se a uma série de virtudes seguidas por muitos, tais como: Verdade, Honra, Justiça, Lealdade, Coragem, Comunidade, Hospitalidade, Força e Gentileza.
As pessoas dentro do movimento podem ser veteranos ou pacifistas, por vezes, ambos. O posto do guerreiro é visto como de um legítimo protetor da tribo.
Reconstrucionistas celtas rejeitam veementemente racismo, sexismo, homofobia e qualquer outra forma de discriminação que divida as pessoas em grupos rivais.
Dias Sagrados
Reconstrucionistas Celtas seguem os 4 grandes festivais dos antigos celtas, são eles:
Oíche Shamhna / Samhain
Lá Fhaile Bríde / Oímealg
Lá Bealtaine / Bealtaine
Lá Fhaile Lœnasa / Lughnasadh
Grupos e praticantes isolados podem pronunciar ou nomear esses festivais de diferentes maneiras, na linguagem da cultura que estejam almejando reconstruir. Os nomes podem ser em gales, córnico, gaulês ou em outro idioma. Reconstrucionistas gauleses, geralmente, celebram os festivais de acordo com o calendário de Coligny.
Alguns grupos e indivíduos somam aos 4 grandes festivais, outros festivais de devoções a deidades individuais ou de acordo com o clima local, um fenômeno natural local, que tenha um significado para eles. No pacifico noroeste, reconstrucionistas celtas celebram um festival anual na época dos salmões. Outros celebram um festival à Épona, no começo de dezembro ou em Man, eles paguem tributos a Manannan, por volta do solstício de verão. E assim por diante.
Modos de culto
O culto varia enormemente no movimento reconstrucionista. As semelhanças se encontram mais na concordância filosófica, que na consistência dos padrões rituais entre os grupos.
Reconstrucionistas celtas não traçam círculos, ao contrário de muitas outras tradições neo-pagãs. Sentimos, no movimento, que o mundo inteiro é sagrado e assim não temos que delinear o que é ou não sagrado. Alguns reconhecem 4 ou 12 ventos, marcando divisões no mundo em quadrantes ou províncias.
A maioria dos reconstrucionistas montam altares, lareiras ou santuários em suas casas, alguns dedicados a deidades individuais, outros a espíritos ou ancestrais. Alguns montam altares com propósitos mágicos específicos, como cura ou inspiração. Muitos altares não tem forma padrão em mesas com objetos, podem ser em uma raiz de árvore, um monte de pedras ou uma fonte de água.
Divindades são chamadas para nosso culto, como convidados e como foco de nossa devoção. Espíritos e ancestrais, também, são convidados. A maioria dos rituais envolvem oferendas de comida, bebida, incenso e outras coisas.
Às vezes, são feitos pedidos as deidades, espíritos ou ancestrais, ainda que essa não seja a razão principal do ritual. A divinação, freqüentemente, é feita após a entrega de uma oferenda.
Muitos reconstrucionistas celtas consideram cada ação diária como uma forma de ritual. Alguns buscam inspiração no Carmina Gadelica, criando músicas e orações para cada etapa do seu dia. Outros fazem oferendas, quando estão colhendo ou lidando com ervas. Alguns rituais são tão importantes quanto os 4 festivais principais.
Normalmente reescrevemos nossas preces e feitiços de fontes medievais. Não acreditamos que um ritual deva ser formal, para ter efeito ou ser útil. Essas ações diárias estão alinhadas com a cultura celta, baseadas num estilo de vida tribal.
A magia é parte da prática do movimento. Reconstrucionistas não trabalham nos formatos platônicos, hermético ou de magia cerimonial.
O Ogham é um veículo comum de adivinhação, assim como, a análise de penas de um pássaro ou o observar das nuvens. O sonho e as visões são importantes fontes de inspiração e de divinação. A poesia e a música, freqüentemente, são vistos como componentes fundamentais da magia reconstrucionista.
Feitiços elaborados, a partir de feitiços encontrados no folclore celta tradicional, são constantemente usados com poemas cantados para aumentar seu poder. A reverência aos Deuses e a ajuda dos espíritos, fazem parte da magia reconstrucionista.
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